O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sugeriu a possibilidade de um "shutdown" como medida para forçar uma revisão nos gastos públicos do país. A declaração foi feita durante um debate sobre o cenário fiscal brasileiro, promovido por veículos de imprensa de grande circulação.
Motta mencionou que a ideia surgiu em uma reunião recente entre a equipe econômica do governo e líderes do Congresso, onde se discutiam alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A discussão, ao que parece, não rendeu os frutos esperados, levando à sugestão mais drástica.
Segundo Motta, a situação chegou a um ponto crítico quando um membro do governo mencionou a possibilidade de um shutdown caso a medida do IOF fosse derrubada. A resposta do presidente da Câmara foi que talvez o Brasil precisasse de tal medida para forçar todos a saírem da sua zona de conforto.
"Chegou a um certo momento lá na discussão em que um determinado ator importante do governo disse: vai ter um shutdown se derrubar a medida do IOF. Eu disse: talvez seja o que o Brasil esteja precisando para todo mundo sair da sua zona de conforto. Está todo mundo olhando a situação, mas ninguém quer abrir mão de nada", afirmou o parlamentar.
Motta também criticou a falta de disposição para ceder em diferentes setores. Ele destacou que beneficiários de incentivos fiscais, salários acima do teto e emendas parlamentares resistem a mudanças, o que dificulta a reavaliação do que não está funcionando no país. Uma crítica velada à inércia do sistema político e à dificuldade de promover reformas que afetem interesses estabelecidos.
Durante o evento, Hugo Motta ressaltou a falta de debate sobre medidas estruturantes na reunião. Ele também alertou para um possível "descasamento" entre as propostas do governo e a avaliação do Congresso em relação às alternativas para a cobrança do IOF.
No último domingo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo emitirá uma medida provisória para ajustar o decreto que elevou as alíquotas do IOF. Essa medida, embora tenha validade imediata, precisa ser aprovada pelo Congresso para se tornar permanente.
A declaração de Motta ocorre em um momento de crescente tensão entre o governo e o Congresso, com debates acalorados sobre a política fiscal e o controle dos gastos públicos. A sugestão de um shutdown, embora extrema, pode ser vista como uma tentativa de pressionar por reformas mais amplas e profundas na economia brasileira.
Enquanto isso, o governo de Lula continua a enfrentar desafios na busca por apoio político para suas medidas econômicas. A resistência de diversos setores e a polarização no Congresso dificultam a aprovação de reformas estruturais, como defendido por muitos economistas e pela ala mais à direita do espectro político.
*Reportagem produzida com auxílio de IA