A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) confirmou, nesta terça-feira, a condenação de 14 anos de prisão para DĂ©bora Rodrigues dos Santos, uma cabeleireira de PaulĂnia (SP) apelidada de "DĂ©bora do Batom". Ela foi acusada de participar dos atos de 8 de janeiro de 2023, em BrasĂlia, onde pichou a escultura "A Justiça" com a frase "Perdeu, manĂ©".
O julgamento ocorreu no plenĂĄrio virtual da Corte, com os ministros depositando seus votos eletronicamente. O relator, ministro Alexandre de Moraes, foi acompanhado por CĂĄrmen LĂșcia e Cristiano Zanin, formando a maioria. Os votos de Luiz Fux e FlĂĄvio Dino ainda estão pendentes.
DĂ©bora foi condenada em abril por deterioração de patrimônio tombado, dano qualificado, golpe de Estado, abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito e associação criminosa armada, alĂ©m de uma multa de R$ 50 mil. A Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) alegou que sua participação no movimento foi ativa.
"Inflada pelos demais, praticou os atos de depredação, e somente se retirou do local após a chegada da polĂcia para contenção dos invasores que intentavam o golpe de Estado e a abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito, por inconformismo com o resultado das eleições presidenciais de 2022" segundo a acusação.
A defesa de DĂ©bora argumentou que o julgamento ignorou a confissão da acusada, o que, segundo o Código Penal, deveria atenuar a pena. Os advogados tambĂ©m pediram que ela cumprisse a pena em regime semiaberto, considerando os dois anos e 11 dias jĂĄ cumpridos em prisão preventiva.
Moraes rejeitou os argumentos, afirmando que os embargos de declaração não podem ser usados para rediscutir a decisão. A defesa tambĂ©m solicitou a remição de pena de 281 dias e a devolução de aparelhos eletrônicos apreendidos.
Durante o processo, a defesa anexou uma carta de DĂ©bora a Moraes, na qual ela pede desculpas e alega desconhecer o valor simbólico da escultura. A estĂĄtua "A Justiça" Ă© tombada pelo patrimônio histórico e estĂĄ localizada em frente ao plenĂĄrio do Supremo Tribunal Federal.
Em abril, na fase inicial do julgamento, todos os ministros da Primeira Turma votaram pela condenação, mas houve divergĂȘncia na dosimetria da pena. Moraes, CĂĄrmen LĂșcia e FlĂĄvio Dino votaram por 14 anos, Zanin propôs 11 anos, e Fux sugeriu um ano e seis meses, considerando apenas o crime de deterioração de patrimônio tombado.
Apesar da maioria formada pela manutenção da condenação, a definição sobre o regime inicial de cumprimento da pena serĂĄ decidida após o trânsito em julgado da sentença, quando não houver mais possibilidade de recurso. Este caso reacende o debate sobre a severidade das punições aplicadas aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, em um momento de polarização polĂtica no paĂs, onde muitos questionam as decisões do Supremo e a atuação de figuras como Alexandre de Moraes.
*Reportagem produzida com auxĂlio de IA